Império Entrevista: Ricardo Haag, um perseguidor de sonhos em alta velocidade

Império Entrevista: Ricardo Haag, um perseguidor de sonhos em alta velocidade

07/11/2022

Fora das pistas Ricardo Haag se apresenta como um perseguidor - e realizador - de sonhos. Mas a verdade é que no Império Endurance Brasil não é diferente. Apaixonado pelo mundo da velocidade desde criança, ele nunca teve o apoio dos pais ou de pessoas próximas para se dedicar ao automobilismo e foi justamente esse “não” que serviu de combustível para que Haag começasse a acelerar aos 20 anos de idade. Desde então, não parou mais.

Nesta edição do Império Entrevista, o piloto que lidera a categoria P2 Light ao lado de Mário Marcondes falou sobre como transformou as experiências vividas nos autódromos do país em pano de fundo pra suas palestras e mentorias, e traçou diversos paralelos interessantes entre o dia a dia do mundo corporativo e suas vivências no grid do Império Endurance Brasil


Confira:

PERGUNTA 1 : De que forma o automobilismo entrou na sua vida? Ao contrário de muitos pilotos, você não começou a correr logo cedo. O que te motivou a buscar uma carreira no automobilismo?

Desde que me conheço por gente sou apaixonado por carros. Quando criança até caixinha de fósforo virava carrinho de corrida na minha mão. Mas esta na pista era algo muito distante pra mim. Meus pais tem um instinto protetor - o que hoje, sendo pai, entendo totalmente - e nunca me apoiaram.

Mas no fim, essa falta de apoio deles acabou se tornando um grande presente, porque me obrigaram desde muito cedo a batalhar pelos meus sonhos. Comecei a trabalhar e, com o tempo, consegui financiar minha carreira no automobilismo. Fiz minha primeira corrida de kart com 20 anos e, desde então, nunca mais parei.

 

PERGUNTA 2: Seu trabalho fora das pistas como mentor e palestrante é nacionalmente reconhecido. Dentro de suas palestras e mentorias, você costuma abordar exemplos de situações vividas na pista?

Como te falei, o automobilismo sempre foi uma paixão solitária e escondida. Minha namorada na época odiava as pistas, meus pais não apoiavam e o diretor da Empresa onde fui trainee, quando soube que eu corria, pediu para não contar para ninguém porque não ia pegar bem para mim. Esporte de muito risco segundo ele (risos)!

Tudo mudou quando me dei conta de que o que eu vivia nas pistas me ajudava a me desenvolver como profissional e de que minha carreira executiva também influenciava demais meu comportamento na pista.

Hoje o automobilismo é pano de fundo integral das minhas palestras e mentorias. Brinco que o automobilismo é a vida real em câmera rápida. Em um final de semana de corrida somos capazes de experimentar todos os sentimentos existentes na raça humana. Ruins e bons. Um verdadeiro laboratório de desenvolvimento e auto conhecimento.

 

PERGUNTA 3 - Depois de experimentar algumas categorias entre 2014 e 2018, você desembarcou no Império Endurance Brasil em 2019 e não saiu mais do grid. Foi inclusive campeão da categoria P4 logo no ano de estreia. O que te motivou a escolher o nosso campeonato como o lugar perfeito para desenvolver sua carreira como piloto?
De fato passei por algumas categorias antes do Império Endurance Brasil, como campeonatos de kart e campeonatos regionais, como Marcas e Pilotos, Copa Fusca, F1600, e nacionais, como a Sprint Race.

Mas quando conheci a categoria de perto, me apaixonei. Um grid absolutamente maravilhoso, com carros lindos e muito rápidos. Uma corrida que exige demais do piloto e da equipe. Não é somente sobre guiar rápido. A complexidade da preparação, da execução e da evolução me fascinaram.

No Império Endurance Brasil pude tangibilizar de forma muito real a importância do trabalho em equipe. Cada membro da equipe exerce um papel igualmente importante não só no final de semana da corrida, mas, principalmente, na oficina e no momento de preparação e revisão do equipamento.

Tudo isso faz do Império Endurance Brasil uma categoria apaixonante.

 

PERGUNTA 4 - Em 2019 você ficou em terceiro lugar nas 12 horas de Tarumã. Me fala um pouco sobre aquela prova em que você competiu ao lado do Tiel Andrade e do Julio Martini. Como foi o desafio de pilotar por tantas horas pela primeira vez?

Foi uma experiência incrível! Comecei a sonhar em ser piloto assistindo as 12 Horas de Tarumã da arquibancada. Por incrível que pareça, nessa época o Tiel já estava no grid ao lado do Carlinhos de Andrade. Então imagina… Correr a prova ao lado do Tiel e do Julio Martini foi um momento muito especial pra mim. Guardo esse troféu com muito carinho! Pretendo correr essa prova muitas vezes.

 

PERGUNTA 5 - Falando um pouco sobre o ‘mindset’ de um piloto, qual o maior desafio mental que você enfrenta dentro de uma prova de longa duração como as provas do Império Endurance Brasil?

Olha, fica difícil até de resumir! Somos testados do início ao fim. O calor geralmente é muito grande. A prova exige uma atenção absurda, porque em todas as voltas estamos ultrapassando alguém ou sendo ultrapassados. Se olha muito para frente e para trás também. Qualquer desatenção pode causar um acidente gravíssimo.

O desgaste físico também é muito grande e os carros são muito rápidos. Mas, na minha opinião, o desgaste mental é ainda maior. Eu converso muito com a equipe ao longo da prova. Tomamos as decisões em conjunto. Gosto muito dessa dinâmica. Como disse anteriormente, o automobilismo é a vida em câmera rápida. Em uma prova de 4 horas experimento absolutamente todas as emoções presentes na raça humano. Haja coração!

Mas, falando de midset ideal para uma prova como essa, eu destacaria: ter respeito com os colegas de pista e toda equipe presente no evento, disciplina para execução da estratégia, paciência, atenção, concentração, ambição, perseverança e muita resiliência. Se conseguir deixar o Ego em casa também vai ajudar!

 

PERGUNTA 6 - Hoje você lidera o campeonato na P2 Light com uma boa vantagem em relação aos demais adversários. Você e Mario Marcondes somam 600 pontos enquanto o o trio Guga Ghizo, Leo Yoshii e José Vilella tem apenas 265. Ao que você atribui tamanha vantagem?

Estamos tendo um ano muito consistente! A equipe Motorcar sempre nos entregou um carro impecável e confiável. Mario e Eu também tivemos atuações limpas. Essa consistência nos colocou nesta posição.

O Guga, Leo e Vilella são um time muito competente. São Rápidos e também muito constantes. Tiveram a infelicidade de uma quebra de motor que acabou custando a eles duas etapas. Se não fosse isso, tenho certeza de que a disputa estaria muito acirrada.

Acredito que até o final do ano estaremos na disputa pelo titulo, já que ambos os times querem muito!

 

PERGUNTA 7 - No seu trabalho você sempre diz que sua vida se resume a perseguir e realizar sonhos. Qual sonho você persegue dentro do Império Endurance Brasil? Você tem uma meta de curto, médio e longo prazo para alcançar dentro do mundo das corridas?

Pergunta difícil essa! Durante muito tempo eu achei que amava somente o Automobilismo. Com o passar da vida me dei conta que sou absolutamente apaixonado por desafios e por tangibilizar minha evolução. Logicamente no esporte a motor encontro um ambiente muito fértil para isso. Mas também tenho essa oportunidade em todas as frentes da minha vida pessoal e profissional.

Falando especificamente do Império Endurance, tenho muita vontade de que o público veja o evento como eu vejo. Correr com uma arquibancada cheia e ter um momento de visitação aos boxes repleto de pessoas igualmente apaixonadas pelo nosso esporte!

Já como piloto, vejo que o evento oferece muitas oportunidades e isso é fantástico. Meu próximo passo natural seria a categoria P1. Com certeza seria um projeto incrível. Vamos ver o que o futuro me reserva!

Mas com certeza absoluta estarei sempre me desafiando, aprendendo e tentando, na medida do possível, curtir a jornada! Mas ainda preciso melhorar nesse ultimo aspecto (risos).

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