Em 2013, um grid formado por diversos pilotos da Stock Car assistiu surpreso ao show de um gentleman driver em Interlagos. Vicente Orige pisou fundo e cravou a pole da etapa de abertura do extinto Brasileiro de Marcas, deixando para trás estrelas como Ricardo Zonta, Ricardo Maurício, Julio Campos, e Allam Khodair. Era só um cartão de visitas do piloto catarinense que começou no automobilismo de terra e não teve dificuldades para se adaptar ao asfalto.
Orige traz no currículo outros grandes feitos, como bicampeonato do Brasileiro de Marcas (2017 e 2018), categoria que disputou por seis temporadas, antes de desembarcar no Império Endurance Brasil. Na categoria que reúne os carros mais rápidos do país, foi vice campeão em 2021. Ano passado, acelerando um protótipo AJR preparado pela equipe Motorcar ao lado de Gustavo Kiryla, conquistou o título da Geral e da P1.
Nesta primeira edição do Império Entrevista de 2023, Vicente Orige fala sobre como começou a carreira, a importância do apoio da família na conquista do título de 2022 e revela o desejo de acelerar carros diferentes dentro de uma mesma prova do Império Endurance Brasil.
Confira a entrevista de Vicente Orige:
1 - Com quantos anos você começou a se dedicar ao automobilismo e o que te motivou a entrar neste esporte?
Comecei no Kart 125cc com 12 anos incentivado pelo meu pai, que também já foi piloto, e corri até os 16 anos. Depois parei um tempo, e comecei a me dedicar bastante aos 21 anos correndo de arrancada e conquistei muitos campeonatos, e nessa época eu era piloto e desenvolvedor dos carros, com isso ganhei muita experiência em acertos e mecânica.
Depois de 10 anos na arrancada fui para o Rally de velocidade e fui campeão brasileiro em 2009. Em 2011 iniciei nos circuitos de asfalto pela Mini Challenge aonde ganhei a primeira corrida que disputei sem nunca ter andado numa pista de carros, 2012 fiz Paranaense de Marquinhas de Gol e fui campeão metropolitano de Curitiba além de correr 4 etapas do Brasileiro de Marcas pela Chevrolet e em 2013 fui pra Honda aonde fui vice campeão em 2014 e Bi Campeão 2017 e 2018.
E foi em 2018 que comecei a correr no Império Endurance Brasil. Comecei direto com o AJR e, nesses 5 anos, aprendi muito sobre o carro. Em 2021 fui vice-campeão etano passado, veio o título.
2 - Você começou disputando competições de velocidade de terra e, depois, migrou para o asfalto. Foi difícil se adaptar?
Sinceramente, tive certa facilidade em me adaptar. Em todas as categorias que corri sempre sento no carro e logo já chego próximo ao limite do equipamento. Até com o AJR, que é muito rápido, foi assim. O Juliano Moro [chefe da equipe JLM Racing e construtor do protótipo AJR] me convidou para correr em Curitiba em 2018 e, em 6 ou 7 voltas da primeira sentada no carro, já fiz um tempo que o deixou com a boca na orelha.
3 - Ano passado você conquistou 6 das 8 poles do campeonato. Qual o segredo da sua dupla para um desempenho tão forte nos qualis? E você acha possível manter essa hegemonia em 2023?
O segredo é um conjunto bem acertado. A quipe Motorcar sempre nos entregou um um carro bom e nós, pilotos, ajudamos bastante no acerto. Além disso, eu e o Gustavo Kiryla tivemos sempre tocadas muito rápidas. Agora, como o Gustavo irá correr na Europa e nesta temporada estarei com um novo parceiro, o Bonatti, que não tem tanta experiência nesse carro, penso que será um ano de adaptação. Mas vamos incomodar, sim. Pode esperar.
4 - No Brasileiro de Marcas você era companheiro de equipe do Ricardo Maurício, um dos maiores pilotos do automobilismo brasileiro. Como era a relação entre vocês e o quanto isso contribuiu para sua evolução como piloto? Teve algum aprendizado que você tenha extraído dessa experiência que tenha te marcado e que foi importante para que você chegasse no nível que está hoje?
Fomos companheiros de equipe 2013 e 2014 e com certeza aprendi muito com o Ricardinho. Eu já era fã dele na StockCar e não o conhecia pessoalmente, então corri e aprendi com o piloto que eu torcia na StockCar. Isso foi bom demais.
Como falei antes, eu tenho facilidade de extrair o máximo dos equipamentos. Eu comecei no Brasileiro de Marcas na metade de 2012 e fiz quatro corridas. No ano seguinte, fui para a Honda, onde fui parceiro do Ricardinho. E logo na primeira etapa de 2013 fiz a pole position em um grid que tinha nomes como Allam Khodair, Ricardo Zonta, Julio Campos e outros pilotos da Stock Car, inclusive o próprio Ricardinho.
Mas não basta ser rápido, tem que ser inteligente nas corridas, sair dos enroscos, aprender a ultrapassar, analisar os dados da telemetria, conhecer os adversários, etc. E foi principalmente nesses pontos que aprendi bastante com o Ricardinho e, claro ,que com o Juliano Moro também.
5 - Nos boxes a gente sempre vê sua esposa torcendo por você, nervosa nas corridas… O quão importante é ter o apoio da sua família em um momento tenso como um final de semana de corrida?
É muito importante. Tenho o apoio do meu pai e da minha esposa desde o começo, afinal eu comecei a namorar ela aos 14 anos e acompanhou toda a minha história no automobilismo. E tem mais! Em 2009, quando fui campeão brasileiro de Rally de Velocidade, ela era minha navegadora. Então veio o título de Piloto e Navegadora aqui pra casa.
6 - Hoje você acelera o carro mais rápido do Brasil. Mas se você pudesse escolher qualquer outro carro do grid atual do Império Endurance Brasil, qual você escolheria? Qual deles você tem mais curiosidade de guiar?
Eu gostaria de guiar todos do grid. Eu gosto de andar de tudo, pode ser até carrinho de rolimã. Mas o legal seria andar num mesmo final de semana em protótipos diferentes e fazer um comparativo entre eles. Com certeza cada um tem seu ponto forte e seria bem interessante conhecer cada carro.
7 - O que representa para você ser campeão do Império Endurance Brasil?
Representa a dedicação, garra, competência, estudo e um time que dá o sangue para, juntos, seremos os melhores na pista. É muito difícil ser campeão!!
Por mais que a gente seja rápido, sempre surgem dificuldades. É um pneu que estoura do nada, uma mangueira nova que fura… E por aí vai. pequenos detalhes que interferem e podem tirar o título de um piloto ou carro rápido. Mas, quando dá certo, é bom demais. E acho que se fosse fácil não teria graça.
No meu caso, foram cinco anos de AJR até chegar ao título. Sempre tivemos desempenho, andamos na ponta, e detalhes acabaram atrapalhando a gente. Mas em 2022 foi a nossa vez.
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