Poucos competidores são tão apaixonados pelas provas de Endurance quanto Xandinho Negrão. O piloto brasileiro que acaba de completar 37 anos com passagem pela GP2 - categoria que equivale hoje à F2, última degrau antes da F1 - traz no currículo uma série de participações e conquistas em provas de longa duração ao redor do mundo.
Como o bicampeão do Império Endurance Brasil faz aniversário esta semana, o convidamos para abrir nossa nova série de entrevistas com os pilotos que compõem o grid dos carros mais rápidos do país.
Xandinho falou sobre o que o motivou a eleger o Império Endurance Brasil como sua casa, sobre a escolha da Mercedes - carro com o qual ele conquistou 13 das 17 vitórias que possui em seu currículo dentro do campeonato - e as lições aprendidas no convívio com outro apaixonado pelas provas de longa duração, o pai Xandy Negrão.
Pouca gente sabe, mas você é um dos maiores campeões de corridas de Endurance do país. Além do bicampeonato no Império Endurance Brasil (Xandinho foi campeão da GT3 e da Geral em 2020 e da GT3 em 2019), você tem no currículo o título Brasileiro de Endurance de 2004, da Top Series de 2012 e venceu as mil milhas brasileiras de 2012. Da onde vem essa paixão por corridas de longa duração?
Meu currículo em provas de Endurance é extenso. Ainda pode colocar aí a vitória nas Mil Milhas, em 2005 e o segundo lugar nas 24h de SPA, em 2008. Ao todo já completei cinco provas de 24h. Essa paixão começou cedo, em 2004, quando competimos no Endurance com o Audi TT DTM. Percebi que ali tinha um carro espetacular na mão, uma prova muito dinâmica ,com muitas variáveis, e um ambiente mais amigável se comparado com as provas de F3 em que eu corria na época. Isso tudo me encantou.
Na última etapa do Império Endurance Brasil, em Goiânia, você atingiu a incrível marca de 250 corridas na carreira. Seu pai encerrou a carreira com 368 provas no currículo. Acha que consegue ultrapassá-lo?
Não sei se vou ultrapassá-lo porque acho que ele ainda vai querer fazer mais algumas provas. A paixão dele por automobilismo é uma coisa que nunca vi igual. Mas acredito que, sim, ainda tenho muita lenha pra queimar. Depois que parei de correr profissionalmente, o automobilismo se tornou muito mais agradável. Hoje mesmo com espírito competitivo, trato como uma diversão, quando é desse jeito a vontade de correr vai longe.
Falando no seu pai, ele é o segundo maior vencedor do automobilismo brasileiro, com 91 vitórias. Mesmo número de Ayrton Senna. Você que conviveu com ele de perto em muitas provas ao longo da sua carreira, qual o segredo para se colecionar tantas conquistas?
Ter o melhor time, trabalhar sempre com as melhores pessoas e consequentemente com o melhor equipamento. Meu pai nunca economizou nisso, sempre procurou ter tudo do bom e do melhor. Sem contar a habilidade que ele tem para acertar carros, nunca vi ninguém igual.
Qual lição mais importante que você aprendeu com seu pai fora das pistas? E dentro dela?
Convivo com o meu Pai há 20 anos profissionalmente no automobilismo e há 14 anos também nos negócios da família. Tudo, simplesmente tudo que aprendi na minha vida devo a ele. Difícil saber qual foi a lição mais importante, mas acho que é o mesmo que citei na pergunta anterior.
Além disso, ele sempre me ensinou a observar tudo de perto, ficar em cima das pessoas, garantir que elas estão fazendo o melhor trabalho possível. Estar cercado das melhores pessoas no momento certo acho que é a chave para todo o sucesso que ele obteve.
Desde que você deixou a Stock Car, em 2016, você só competiu a bordo da Mercedes. Porque escolheu este carro e o que te faz gostar tanto dele?
Na verdade, eu deixei a Stock Car em 2012. Em 2016 fiz apenas 3 etapas a convite do meu amigo Beto Cavaleiro. Quanto à Mercedes, optamos por ser um carro completo e confiável. Sabíamos que era importante ter um carro que pudesse contar com o apoio da fábrica e que fosse competitivo. Por isso, vimos na Mercedes um carro com grande potencial e os resultados vem mostrando que fizemos uma ótima escolha.
Você já competiu em diversos campeonatos internacionais, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, mas desde 2018 tem focado na disputa do Império Endurance Brasil. O que te atraiu na categoria e te motiva a estar acelerando exclusivamente por aqui há quatro anos?
O Império Endurance Brasil cresceu muito nos últimos anos. O grid está com carros cada vez melhores e o nível dos pilotos subiu muito também. Hoje, é um campeonato muito mais disputado do que era há 4 anos, por exemplo. E esse crescimento foi nos motivando cada vez mais.
O bom desempenho na primeira metade do campeonato tem colocado você, ao lado do Marcos Gomes, como favoritos ao título na categoria GT3. Na sua opinião, qual dos seus rivais nesta disputa seria capaz de evitar o tricampeonato?
Temos vários rivais. O campeonato ainda está bem aberto. É muito cedo para falar em favoritismo e, por isso mesmo, impossível apontar um único rival na briga pelo título. Estamos pensando corrida a corrida e as duas etapas de Santa Cruz do Sul serão essenciais para a definição do campeonato.
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